Idealizadora do projeto #naocaleasuavoz falou sobre o tema na tribuna da Câmara Municipal
PORTO BELO — Em antecipação ao Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, que ocorre na próxima quinta-feira (25), a Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Vereadores convidou à tribuna da Casa, durante a sessão desta segunda-feira (22), a idealizadora do projeto #naocaleasuavoz, Anna Paula Nienkotter Tavares.
Natural de Florianópolis, Anna Paula, de 45 anos, está no último ano da faculdade direito e trabalha como estagiária no fórum da comarca de Balneário Camboriú. Vítima tanto do julgamento da sociedade, quando engravidou aos quinze anos, quanto da violência de um casamento abusivo anos depois, há dezoito meses ela iniciou um “processo de desconstrução” que a possibilitou falar sobre essas experiências sem receio e a motivou a se engajar na luta contra a violência doméstica e a desigualdade de gênero.
Além de tratar sobre o tema no perfil do Instagram @direitoeinformação10, ela reuniu em vídeo depoimentos de mulheres que também passaram pelo que ela sofreu. Esse material compõe o projeto #naocaleasuavoz, que é complementado por palestras. Anna falou sobre o teor desse trabalho e exibiu o vídeo durante a sessão de ontem.
“Meu intuito é levar a reflexão da história da mulher no mundo, a violência que ainda existe e fazer as crianças e jovens perceberem como as mulheres ainda precisam quebrar paradigmas, apesar de já terem conquistado muitas coisas”, explica. “Acima de tudo, que a igualdade de gênero precisa ser respeitada e percebida por todos nós para a evolução da nossa sociedade e, consequentemente, obtermos a diminuição dos índices de violência contra a mulher”, completa.
Quanto ao convite formulado pela vereadora e procuradora da Mulher, Silvana Stadler (PL), Anna se disse “muito feliz e muito honrada de que a Câmara de Vereadores do município de Porto Belo venha realmente se preocupar com a questão da violência doméstica, que infelizmente faz parte da sociedade”.
“Uma pena que, pleno século 21, a gente ainda esteja nessa luta”, lamentou Silvana, que destacou o aumento da violência doméstica registrado durante a pandemia. Segundo pesquisa realizada em maio pelo Instituto Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência no último ano no país, o que corresponde a cerca de 17 milhões de brasileiras (24,4%). “É muito preocupante”, observou. Em relação ao trabalho desenvolvido pela Procuradoria, a vereadora antecipou a realização de uma avaliação do ano e de um planejamento das próximas ações, com foco principalmente no acolhimento de mulheres vítimas de violência: “Não ainda a gente receber a denúncia, fazer um boletim de ocorrência e mandar a mulher para casa na mesma situação. Nós queremos realmente que a mulher vá para casa e seja cuidada”, enfatizou Silvana.