Organização criminosa fez pessoas perderem mais de R$ 15 milhões em cidades catarinenses e em SP
A operação da PF (Polícia Federal) que desarticulou um esquema de pirâmide financeira, em que mais de 120 pessoas perderam, juntas, cerca de R$ 15 milhões, deixou investidores atentos.
Pedro Nunes trabalha no setor financeiro como analista de riscos e controles. A primeira dica que ele dá para quem quer investir é ter consciência de que “não existe dinheiro fácil”. Para ele, discursos de empresas que incentivem isso devem ser desconfiados.
“Todas as instituições tem um padrão de retorno, umas um pouco mais, outras menos. Mas empresas que extrapolam muito isso podem ser golpes”, analisa.
Ele sugere que os investidores devem ter cuidado com discursos de dinheiro fácil e rápido, ou com empresas que surgiram “ontem”. Nunes ainda afirma que os interessados podem pesquisar o nome da empresa no CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em que empresas legais devem ser cadastradas.
Como funcionam os esquemas de pirâmide
Segundo Nunes, geralmente empresas de pirâmide atuam com um “padrão”. “Geralmente é uma proposta com retorno financeiro muito elevado, onde a pessoa acaba caindo por querer esse retorno, que outras instituições não trabalham”, conta.
As promessas destas empresas costumam ser de que a pessoa possa sacar o dinheiro investido em pouco tempo, “dois, cinco anos”, conforme explica Nunes.
“Para investir com segurança, existem hoje bancos digitais, cooperativas, bancos e instituições financeiras específicas. Todo investimento tem um risco, mas as empresas possuem uma estrutura e uma capacidade financeira para assegurar esses riscos”, afirma.
Esquema de pirâmide deixou 120 pessoas no vermelho
Uma organização criminosa responsável por um esquema de pirâmide financeira, no sistema “Ponzi”, foi alvo da operação Quéfren da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (3). O grupo é apontado como responsável de crimes contra o sistema financeiro nacional.
Mais de 120 pessoas foram lesadas em cerca de R$ 150 milhões – Foto: Polícia Federal/Divulgação
Policiais federais cumpriram 11 mandados expedidos pela 1ª Vara Federal de Itajaí, sendo três de prisão temporária e oito de busca e apreensão, em endereços situados nas cidades de Balneário Camboriú, Tubarão e Camboriú e ainda na cidade paulista de Barueri.
Além do cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão, está sendo comprido também o bloqueio e sequestro de bens em nome de pessoas físicas e jurídicas da organização criminosa.
De acordo com o apurado na investigação da Polícia Federal, a organização, que é composta por cerca de 20 pessoas, começou as atividades ilegais em 2019, por meio da constituição de empresas que atuavam na forma de banco digital, sem autorização do Banco Central e da CMV (Comissão de Valores Mobiliários).
O grupo atuava com a falsa promessa de rendimentos acima dos juros de mercado, captando recursos financeiros na forma de depósitos em dinheiro ou por meio da negociação de criptomoedas.
Foi possível identificar que a principal empresa envolvida encerrou as atividades em 2021, alegando que todos os investimentos dos clientes estariam bloqueados em uma conta de corretora de criptomoedas.
Posteriormente, essa mesma empresa registrou boletim de ocorrência acusando uma celebridade italiana de apropriar-se dos recursos. A suspeita da PF, no entanto, é que podem se tratar de histórias fictícias com o objetivo de os investigados se passarem por vítimas e se esquivarem da cobrança dos investidores.
Estima-se que cerca de 120 pessoas foram lesadas, com prejuízo estimado em cerca de R$ 15 milhões. Os crimes nos quais os infratores foram indiciados são os de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e os crimes contra o sistema financeiro nacional.
(NDmais)