Além disso, outros quatro casos estão em investigação laboratorial no Estado; novas diretrizes da OMS visam contribuir com a apuração sobre as causas da doença
Santa Catarina já teve 12 registros de hepatite infantil de origem desconhecida até esta segunda-feira (27). Segundo a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), seis casos são considerados suspeitos, quatro estão em investigação laboratorial ou pendente e dois foram descartados.
Entre os suspeitos, o órgão estadual informou que todos receberam alta hospitalar e seguem em investigação e acompanhamento das equipes de saúde, com exceção de um que foi transferido para Porto Alegre (RS) para avaliação de transplante hepático.
A Dive/SC não deu detalhes sobre o sexo, a idade e a cidade dos casos suspeitos.
“Investigação laboratorial ou pendente significa que ainda aguardamos resultados de exames e avaliação clínica para verificar se serão classificados como ‘caso suspeito’”, esclarece a Dive/SC.
Novas orientações
A OMS (Organização Mundial da Saúde), através da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), disponibilizou novas orientações aos laboratórios das Américas para contribuir com as investigações sobre as causas da hepatite de origem desconhecida em crianças.
Segundo informações oficiais, já foram notificados 869 casos prováveis da doença em crianças saudáveis menores de 16 anos em 33 países ao redor do mundo, entre 1º de outubro de 2021 e 16 de junho de 2022.
Destes, 368 estavam em sete países das Américas, a maioria – 290 – nos Estados Unidos.
“Embora esta seja uma doença grave em crianças e seja motivo de preocupação, sua ocorrência permanece pouco frequente”, afirmou a chefe de HIV, Tuberculose, Hepatites e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OPAS, Ruben Mayorga.
Ela ressaltou, no entanto, que é importante “continuar monitorando a situação e investigando os casos prováveis”.
Existem várias hipóteses sobre a causa desses casos, incluindo fatores toxicológicos/medicamentosos, alimentícios, imunológicos, ambientais ou infecciosos, mas nenhuma foi comprovada até o momento e várias delas estão sendo ativamente investigadas.
De acordo com a OPAS, conhecer as causas permitirá informar as políticas e medidas de saúde pública para prevenir novos casos e tratar a doença.
Protocolo de investigação
As novas diretrizes da OPAS incluem um algoritmo de laboratório criado para descartar as hepatites virais mais frequentes (A, B, C, D e E) e outras doenças endêmicas da região que podem causar danos ao fígado, como malária, febre amarela e leptospirose.
O adenovírus humano — que geralmente causa infecções gastrointestinais ou respiratórias leves e autolimitadas em crianças — está entre os agentes infecciosos investigados.
Por isso, as orientações incorporam sua busca como parte do protocolo de investigação entre as possíveis causas infecciosas.
Uma vez descartadas outras possibilidades, a orientação da OPAS sugere considerar testes adicionais, como um painel respiratório, ou para enterobactérias e outros patógenos menos frequentes.
Esse processo de testes escalonados garante um uso racional e custo-efetivo dos recursos dos laboratórios de saúde pública.
“Essas orientações buscam ajudar a reunir informações para definir qual é a causa mais provável dessa hepatite”, explicou o assessor regional da OPAS para doenças virais, Jairo Méndez.
“Pode ser multifatorial, pode ser algo desencadeado em conjunto com outras causas infecciosas, tóxicas ou metabólicas, mas ainda não sabemos, por isso é importante analisar os casos prováveis e esclarecer um pouco mais a investigação.”
Sobre a hepatite
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diversas causas, que geralmente vão desde infecções virais até consumo excessivo de álcool, alguns medicamentos e substâncias tóxicas.
O principais sintomas registrados em hospitais do mundo são icterícia (pele e parte branca dos olhos amareladas) e manifestações gastrointestinais, como dor abdominal, vômito, diarreia e náusea.
O ECDC (Centro Europeu de Controle de Doenças) recomenda o reforço de boas práticas gerais de higiene das mãos e limpeza e desinfecção de superfícies. A OPAS sugere medidas que protejam da infecção pelo adenovírus como o uso de máscara.
O mais indicado é que pais observem os sintomas da doença e, ao suspeitarem de hepatite, procurem um serviço de saúde. A relação da hepatite misteriosa com as vacinas contra Covid-19 foi descartada.
(NDMais)