Jovem de Balneário Camboriú ensina ciência no YouTube e reúne milhões de inscritos

Para Pedro Loos, de 26 anos, existe uma ideia errada de que o brasileiro não se interessa pelo tema

São quase 3 milhões de inscritos no Ciência Todo Dia, canal no YouTube que se destaca no segmento. O idealizador do projeto é Pedro Loos, 26 anos, que é natural de Brusque, no Vale do Itajaí, e atualmente mora em Balneário Camboriú. Para ele, existe uma ideia errada de que o brasileiro não se interessa pelo tema.

— No nosso país a gente tem aquela imagem de que as pessoas não se importam com ciência, o que é uma grande mentira. As pessoas daqui amam ciência, elas só precisam encontrar o jeito certo de ouvir falar sobre isso — opina.

E essa é justamente a proposta do canal que faz sucesso na internet. Mostrar o tema de maneira leve e com uma explicação que pode ser entendida por todos. Ainda quando estava no ensino médio, Pedro acompanhava vídeos de americanos que falavam sobre o assunto.

Ele queria compartilhar com os amigos, mas eles não entendiam inglês. Na época, ele já tinha um canal no YouTube em que compartilhava vídeos jogando Minecraft. Como já entendia um pouco sobre o funcionamento da plataforma, decidiu unir a habilidade com edição de vídeos e o interesse pela ciência para produzir conteúdo sobre o assunto. Foi assim que nasceu o Ciência Todo Dia.

No início, ele fazia tudo sozinho, desde a escrita dos roteiros até a publicação dos vídeos, que eram gravados no quarto de casa. Hoje ele tem uma equipe de 12 pessoas, entre roteiristas, responsáveis pela direção de arte, animação e até um compositor, já que o canal tem trilhas sonoras próprias.

Com uma rotina sem horário fixo, um dos principais desafios que ele enfrenta no dia a dia é administrar tudo e conseguir separar a vida pessoal do trabalho:

— Quando somos nosso próprio chefe, temos que descobrir o próprio caminho, não vai ter alguém para mandar fazer alguma coisa. É um trabalho puxado, mas é muito gratificante.

O retorno que recebe da audiência é um dos combustíveis para continuar com os vídeos na plataforma. Hoje, a maior parte do público é formada por pessoas entre 19 e 35 anos. Em 2022, o youtuber começou a produzir vídeos de um minuto para o TikTok, onde alcançou uma nova audiência. Por lá, adolescentes de 14 a 15 anos de idade são maioria. Ele já acumula 3,8 milhões de curtidas na rede social.

— É incrível o retorno positivo que eu recebo. As pessoas se sensibilizam com esse tipo de conteúdo — afirma.

Incentivo que veio de casa

O interesse por ciência sempre existiu na vida de Pedro. Por volta dos cinco anos de idade ele já era apaixonado por buracos negros. Aos sete, ganhou um telescópio de presente dos pais, que foi um instrumento usado durante todo o verão daquele ano para observar o céu. Desde cedo os pais notaram o interesse do filho por esse tipo de assunto, e compravam livros sobre ciência para incentivar o jovem. Quando fala da forma como os pais o apoiaram ao longo da trajetória, o principal sentimento é gratidão pelo incentivo.

Trabalho na internet

Ao longo da trajetória com o canal, ele tomou a decisão de trancar a faculdade de Física. O momento é classificado por ele como a mais difícil decisão que já tomou na vida. Ele estudava na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), e manteve a graduação em paralelo com o canal até onde conseguiu, mas em 2017 trancou o curso para focar no Ciência Todo Dia.

— Se eu parasse de fazer vídeos e focasse só na graduação, eu não necessariamente teria outra chance de fazer vídeos para a internet, principalmente para o YouTube, porque é uma coisa muito momentânea. Tem que aproveitar a sorte do momento, mas também trabalhar duro em cima daquilo para criar um público. Se eu parasse naquele momento não sei se teria a oportunidade de novo — comenta.

Apesar das milhões de visualizações que acumula em todas as redes sociais, ele não pretende parar por aí: o sonho é transformar o canal em uma produtora de vídeos especializada em ciência e produzir séries para gigantes do streaming, como a Netflix e Amazon. Um programa na TV aberta também não está descartado.

— Temos muito espaço para falar de ciência e com certeza as pessoas adorariam ver esse tipo de conteúdo em formatos maiores — afirma.

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