Saúde consolida ações para ampliar atendimento no Estado; queimaduras e doenças respiratórias são exemplos de emergências que requerem leitos específicos
A ocupação dos leitos de UTI nos hospitais públicos de Santa Catarina permanece no patamar dos 90%. O painel de leitos da SES (Secretaria de Estado da Saúde) atualizado na manhã desta quarta-feira (20) mostra que a taxa de ocupação é de 95,33%. Quatro pessoas aguardam por vaga em leito de UTI oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Dos 1.114 leitos ativos há 52 disponíveis. Os números não significam que há disponibilidade para quem precisar, uma vez que os leitos têm especificidades que atendem diferentes doenças. Queimaduras e doenças respiratórias são exemplos de emergências que requerem leitos específicos.
A região da Grande Florianópolis atingiu 100% de ocupação geral. Na sequência, as maiores taxas estão nas regiões Grande Oeste e Foz do Rio Itajaí, com 98,8% e 96,8%, respectivamente.
Levando em conta apenas os leitos neonatais, Santa Catarina tem 194 unidades ativas. Dessas, 52 estão disponíveis, o que equivale a uma taxa de ocupação de 96,3%.
Os hospitais do Grande Oeste, Foz do Rio Itajaí e Grande Florianópolis estão com as UTIs neonatais completamente lotadas.
Ainda de acordo com o painel, a taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátricos em Santa Catarina é de 93,1%. Há oito leitos disponíveis dos 117 ativos. A lotação máxima para esse tipo de leito atingiu as regiões Grande Florianópolis, Grande Oeste e Sul.
Painel de leitos de UTI geral atualizada na manhã desta quarta-feira (20) – Foto: SES/Divulgação/ND
Espera por leitos
Em Santa Catarina, quatro pessoas aguardam por vaga em leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da rede pública de saúde. Até a manhã desta quarta, não havia paciente aguardando leito de UTI neonatal.
Com relação à UTI pediátrica, constam dois pacientes aguardando transferência e já com leito ofertado, segundo a SES. Eles se encontram na região Foz do Rio Itajaí.
Há também dois pacientes em busca de leito de UTI adulto nos hospitais de referência, sendo que um está com leito ofertado aguardando os trâmites para a transferência. Dos dois pacientes, um necessita do serviço especializado de UTI para outra doença, que não é respiratória.
Os pacientes estão divididos nas regiões do Estado, sendo: um no Sul catarinense e um na Foz do Rio Itajaí.
Esclarecimentos ao MPSC
Na semana passada, o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) instaurou um procedimento a fim de apurar possível falta de insumos no Hospital Infantil Joana de Gusmão, localizado em Florianópolis. A carêcia de materiais estaria levando a improvisos que impediriam o atendimento adequado.
Um ofício foi encaminhado ao Secretário de Estado da Saúde solicitando esclarecimentos sobre os fatos noticiados. A pasta tinha 48 horas a partir da data de recebimento para prestar as informações. O prazo venceria nesta terça-feira (19).
O MPSC informou no início da tarde desta quarta, que o Estado solicitou mais 24 horas para a resposta. O novo prazo termina nesta quarta.
Em paralelo, o Ministério Público também abriu uma investigação sobre os atendimentos na atenção básica de saúde de Florianópolis.
A investigação, de acordo com o MP, tem a intenção de apurar a suposta deficiência nos atendimentos realizados na atenção básica e que poderia culminar na sobrecarga dos hospitais.
O Ministério Público deu prazo esta quarta para se manifestar sobre o caso. Segundo o MPSC, a prefeitura encaminhou os esclarecimentos no final da tarde desta terça.
Ações da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde consolidou as ações que têm sido feitas para ampliar a oferta de atendimento e o número de leitos de UTI, especialmente para crianças.
De maio até agora foram abertos 75 leitos de atendimento infantil em Santa Catarina, com as aberturas previstas já para o começo do mês de agosto, o número passará para 123. Contudo, o esforço para ampliar o atendimento não será suficiente se a vacinação não avançar, ressalta a pasta.
Ações em prática:
- Aumento na oferta de leitos e mais investimentos no SUS – essa construção tem ocorrido com diferentes agentes públicos, desde coordenadorias de regulação, regionais de saúde, coordenações e corpos clínicos de hospitais, além de secretários de saúde municipais;
- Publicação de decreto de emergência em saúde – com o objetivo de acelerar a disponibilidade de camas de tratamento intensivo e ter o acréscimo de leitos de atendimento neonatal e pediátrico, projetando o aumento da oferta em regiões como Grande Florianópolis e região Carbonífera;
- Planos emergenciais que envolvem transferências de equipes, empréstimos de equipamentos, insumos e medicamentos, além de outras ações com o objetivo de aumentar a capacidade de atendimento dos pacientes, como a contratação de mais profissionais em caráter de urgência;
- No Hospital Materno Infantil de Criciúma, especificamente, que é gerido por uma OS (Organização Social), está sendo feito um aditivo ao contrato no valor de R$ 1,7 milhão. Além disso, já está em andamento o projeto para reforma da unidade com um aporte de R$ 2 milhões. Também foi realizado um aditivo no valor de R$ 388 mil para contratação de médicos pediatras e fisioterapeutas. As UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) estão trabalhando como referência para os atendimentos mais brandos;
- No Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, foram instaladas estruturas de atendimento externo que auxiliam na triagem de pacientes e atendimento dos casos mais brandos, aqueles com classificação verde e azul. Estão suspensas férias e licenças das equipes na unidade e está prevista a contratação emergencial de mais 20 pediatras;
- Repasses aos municípios para que ocorra a ampliação dos horários de atendimento das Unidades da Atenção Básica e ampliação dos serviços de saúde das Unidades de Pronto Atendimento para reforço da cobertura vacinal e enfrentamento da dengue;
- Custeio e investimento para ampliação dos leitos nos hospitais públicos próprios e filantrópicos da rede estadual e municipal.
Os investimentos pela SES, no contexto da situação de emergência decretada somam mais de R$ 113 milhões, entre cofinanciamento para os municípios ampliarem os serviços ofertados nas Unidades de Atenção Primária e custeio e investimento na rede hospitalar para ampliação dos leitos, e o valor pode aumentar mediante apresentação de planos de trabalho pelos municípios.
Número de Leitos
Em funcionamento mais 75 leitos
- Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, com 4 de UTI neonatal, 8 intermediários pediátricos e mais 7 leitos de enfermaria;
- Hospital Hélio dos Anjos Ortiz, em Curitibanos, com 5 de UTI neonatal;
- Hospital Pequeno Anjo, em Itajaí, com 6 de UTI pediátrica;
- Hospital e Maternidade Jaraguá do Sul, com 6 de UTI pediátrica;
- Hospital Seara do Bem, em Lages, com 5 de UTI pediátrica;
- Hospital Infantil Jesser Amarante Faria, em Joinville, com 10 de UTI pediátrica;
- Hospital Azambuja, em Brusque, com 10 de UTI neonatal;
- Hospital Regional Alto Vale, em Rio do Sul, com 4 de UTI neonatal;
- Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes, em São José, 5 intermediários neonatal;
- Hospital Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma, com 5 UTIs neonatais. :
Aberturas Previstas para as próximas semanas
- Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, 10 intermediários pediátricos e 6 leitos de enfermaria;
- Hospital Azambuja, em Brusque, com 2 UTI pediátricos;
- Hospital e Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis, 3 leitos intermediários canguru;
- Hospital Oase, Timbó, com 10 de UTI neonatal;
- Hospital Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma, com 2 de UTI neonatal;
- Hospital Regional de Araranguá, com 5 de UTI neonatal;
- Hospital Regional de São José, São José, com 10 de UTI neonatal.
UTI Adulto ativos
- Hospital Florianópolis: 10 leitos UTI adulto;
- Hospital Tereza Ramos, em Lages: 06 leitos UTI adulto.
Apelo à vacinação
A pasta aponta ainda para a importância da vacinação. Segundo o secretário de Estado da Saúde, Aldo Baptista Neto, e com base na opinião de técnicos da saúde, o que tem provocado o tensionamento dos sistemas de pronto atendimento, atenção básica e de hospitais é resultado da baixa imunização.
Conforme o secretário, Santa Catarina nunca vacinou tão pouco justamente no momento em que as crianças voltam para uma rotina de convívio social mais intensa, depois de dois anos de pandemia – agora expostas aos vírus responsáveis por síndromes respiratórias agudas no período de baixas temperaturas. E não se trata apenas da vacinação contra a Covid-19.
“A negação desta vacina acabou rebaixando toda a estratégia vacinal que está no Plano Nacional de Imunização (PNI) há décadas, ameaçando o status de erradicação de doenças como a paralisia infantil, entre outras. Os pais precisam levar seus filhos para vacinar, este é o nosso apelo para que a gente consiga sair deste momento difícil”, afirma Aldo Baptista Neto.
(NDMais)