SC confirma transmissão local da varíola dos macacos

Seis casos foram confirmados no Estado e outros 16 são investigados

Em coletiva de imprensa, Secretaria de Saúde expôs um panorama da doença no Estado, que tem 32 casos notificados até o momento

A SES (Secretaria de Estado da Saúde) anunciou na manhã desta quinta-feira (28), as estratégias de enfrentamento à monkeypox, conhecida como a varíola dos macacos.

As ações foram divulgadas em coletiva de imprensa realizada em Florianópolis e concedida pelo superintendente de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, e o diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, João Fuck.

Na ocasião, o Estado considerou a transmissão comunitária da varíola dos macacos em Santa Catarina. Outros quatro Estados brasileiros já decretaram a ocorrência de transmissão comunitária: SP, MG, RJ e DF.

“A transmissão comunitária é estabelecida quando você não consegue mais rastrear a origem desses casos. Ou seja, começamos a identificar nesses últimos casos, pessoas que não tinham tido contato com outro país, não tinham viajado ou tido contato com outra pessoa comprovadamente com varíola dos macacos. Isso significa que a doença está circulando de forma silenciosa no Estado. Por isso, estabelecemos a transmissão comunitária”, explica Macário.

Segundo o diretor João Fuck, o estabelecimento da transmissão comunitária significa uma definição mais sensível dos casos. Isso ocorre para que o Estado faça a detecção dos casos mais precocemente e consiga estabelecer as medidas de prevenção

Panorama da doença em SC

Foi exposto ainda um panorama da doença no Estado. Santa Catarina tem 32 casos notificados até o momento. Destes, seis foram confirmados, sendo: três em Florianópolis; um em Joinville; um em Leoberto Leal e um caso importado de São Paulo.

Outros 10 casos foram descartados e 16 estão em investigação. Dos casos notificados, 27 são homens e cinco mulheres. A maioria tem entre 20 e 29 anos. O primeiro caso foi notificado no dia 27 de maio.

De acordo com a SES, não há relatos de casos graves ou óbitos por conta da doença em Santa Catarina. A pasta também reforçou que não há envolvimento de animais no surto.

O superintendente de Vigilância em Saúde considera que o número de casos em Santa Catarina ainda é pequeno, mas a tendência é que aumente ao longo das próximas semanas. No entanto, ele ressaltou que não há motivo para pânico e sim, para um alerta.

“As pessoas têm que ficar alerta principalmente para o aparecimento de lesões de pele. Se isso acontecer, precisam procurar o serviço de saúde para um diagnóstico precoce e ficar em isolamento”, diz.

Transmissão e incubação

A varíola dos macacos é transmitida através do contato direto ou indireto com sangue, fluídos corporais, lesões de pele ou membranas de animais infectados. A transmissão ocorre desde 48 horas antes do início dos sintomas e até o desaparecimento completo das lesões.

O período de incubação varia de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Os sinais e sintomas duram, geralmente, de 2 a 4 semanas.

A população considerada de risco para a varíola dos macacos são crianças menores de oito anos, gestantes e imunossuprimidos.

“Até o momento, o perfil de infectados tem sido homens adultos e jovens. O receio é que o grupo de infectados aumente com uma transmissão maior e mais acelerada atingindo grupos de crianças, gestantes e imunossuprimidos, que podem apresentar formas mais graves da doença. Por isso, as palavras-chave são prevenção, higiene e conhecimento ”, cita Macário.

O superintendente também alertou para que a varíola dos macacos não seja estigmatizada. “Não se trata de uma infecção sexualmente transmissível. A doença se transmite pelo contato pele com pele de pessoas com lesões e isso acontece em várias situações, como um abraço ou o uso de uma toalha de uma pessoa com lesões, por exemplo”.

No Brasil, a transmissão tem ocorrido via contato direto com uma pessoa infectada ou via respiratória por gotículas. A orientação principal é usar máscara de proteção em ambientes de aglomeração ou fechados.

Exames e vacinação

O exame para detectar a varíola dos macacos não é feito no Lacen (Laboratório Central) de Santa Catarina. De acordo com Macário, os insumos para a realização dos exames ainda estão em processo de aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

“Entramos em contato com alguns laboratórios e com o próprio Ministério da Saúde para que, assim que os insumos sejam aprovados, nós tenhamos disponíveis no nosso laboratório. A técnica é simples. É o RT PCR tradicional. O Lacen já tem experiência e até lá vamos continuar enviando para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, que é o nosso centro de referência”, disse.

Macário também falou sobre a estratégia de vacinação que tem sido planejada contra a doença no Estado. Trata-se da vacinação de bloqueio.

“A partir da identificação de um caso suspeito ou confirmado de varíola dos macacos serão rastreados todos os contatos, ou seja, as pessoas que tiveram contato com o caso nos últimos 7 ou 10 dias. Aí vamos fazer a vacinação de bloqueio, justamente para prevenir que as pessoas desenvolvam a doença e a transmitam”,  esclarece.

Medidas de prevenção:

  • Isolamento imediato do caso suspeito/confirmado. Precauções adicionais baseadas na transmissão devem continuar até a completa resolução das lesões ou descarte do caso;
  • Casos suspeitos/confirmados devem evitar o contato com animais, incluindo animais de estimação, animais domésticos e animais selvagens para evitar a propagação do vírus;
  • Se o contato próximo for inevitável, os indivíduos devem abrir as janelas para uma boa ventilação, usar máscaras e luvas descartáveis, higienizar as mãos antes e depois do contato e monitorar quanto ao aparamento dos sintomas por 21 dias após a última exposição. Solicitar ao paciente que cubra as lesões na pele;
  • Desinfecção de superfícies contaminadas com 0,5% de hipoclorito de sódio ou outros desinfetantes de alto nível recomendados pelos órgãos regulatórios;
  • Objetos utilizados pelo paciente devem ser lavados com água quente e detergente (toalhas, lençóis, utensílios de cozinha);
  • As pessoas que apresentam sintomas compatíveis com a doença não devem participar de eventos, festas ou reuniões;
  • Reduzir o número de parceiros sexuais, incluindo parceiros casuais, pode ajudar na prevenção;
  • Os preservativos não protegem contra a doença, que se espalha pelo contato pele a pele, mas protegem contra infecções sexualmente transmissíveis;
  • Profissionais de saúde em atendimento de casos suspeitos ou confirmados devem implementar precauções padrão, de contato e de gotículas, o que inclui uso de proteção ocular, máscara cirúrgica, avental e luvas descartáveis. Durante a execução de procedimentos que geram aerossóis, os profissionais de saúde devem adotar máscara N95/PFF2 ou equivalente.

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