Caso Luna: laudo cadavérico da menina é “estarrecedor”, diz promotor

Estarrecedor. Essa é a palavra usada pelo promotor de Justiça Alexandre Daura Serratine ao descrever o laudo cadavérico de Luna Gonçalves, de 11 anos. A menina foi assassinada em Timbó, no Médio Vale do Itajaí, em abril, e as novas informações do caso surpreendem até mesmo as autoridades.

De acordo com o integrante do Ministério Público, a garota foi brutalmente espancada várias vezes antes de morrer e também sofreu violência sexual com o uso de um objeto. Com 27 anos de carreira, o promotor se mostra perplexo com a crueldade empregada contra a pequena dentro da casa onde vivia.

— Poucas vezes eu fiquei tão chocado como ao ver o resultado desse exame cadavérico. A violência sexual foi produzida não pela conjunção carnal, mas com algum instrumento, porque as partes íntimas estavam dilaceradas. Algo foi introduzido. É chocante — revela Serratine. 

As informações constam na denúncia feita pelo Ministério Público e acatada pelo Poder Judiciário. A mãe e o padrasto da menina estão presos e passam a ser considerados agora réus na ação penal. Os dois respondem pelos crimes de estupro de vulnerável, homicídio qualificado, tortura, cárcere privado e fraude processual.

Tortura prolongada

Para as autoridades não se tratou de apenas um episódio de agressão contra Luna. O Ministério Público diz que por um período a menina apanhou diariamente, repetidas vezes, com socos, tapas, golpes com chinelos e até surras com pedaços de mangueiras de jardim. Segundo a promotoria, a violência física era acompanhada de graves ameaças, para aterrorizar psicologicamente a criança.

— Não foi um dia que a Luna foi torturada, foram vários. Ela tinha muitas marcas no corpo, algumas de lesões mais antigas. Infelizmente a menina sofreu demais antes de morrer — conta o promotor. 

Ainda conforme as investigações, após o homicídio, o casal apagou a memória dos celulares pessoais e iniciaram a limpeza e reorganização da cena do crime para impedir que a verdade fosse revelada. Quanto o assassinato foi revelado, a “mãe ainda se acusou falsamente, assumindo toda a responsabilidade pela morte da filha, para proteger o companheiro”, frisa o Ministério Público.

O motivo das reiteradas agressões e ameaças contra a menina são uma incógnita.

Próximas etapas

De acordo com o promotor Serratine, todos os documentos de laudos que eram aguardados já estão prontos e anexados ao processo. O caso segue agora para a etapa de defesa prévia dos acusados.

Desde o interrogatório, na fase inicial das investigações, o padrasto tem optado por ficar em silêncio. 

A mãe, por sua vez, assumiu ter espancado a filha sozinha, provocando a morte. Para a Polícia Civil e o Ministério Público, essa afirmação é falsa e o padrasto participou do crime. Por esse motivo a mulher foi acusada também por autoacusação.

O dia do crime

A polícia concluiu que o padrasto foi até a escola da menina por volta das 15h30min do dia 13 de abril, para tentar transferi-la e não conseguiu. Ele voltou para casa frustrado e começou a agredir a menina com socos, chutes, cotoveladas e um objeto para domar cavalo, que deixou marcas no corpo.

As agressões aconteceram até ela ficar desacordada. Professor de artes marciais, ele saiu para dar aula e quando voltou continuou as agressões, que resultaram na morte da criança.

or volta da meia-noite, o casal chamou o socorro afirmando que ela havia caído de uma escada, mas Luna já estava sem vida.

O casal havia afirmado no início que a menina teria um namorado na escola, por isso eles queriam tirá-la de lá. De acordo com a investigação policial, os professores começaram a desconfiar da situação de violência que ela sofria em casa, o que motivou o pedido de transferência. 

Ela ficou todo o mês de abril fora do colégio. De acordo com a polícia, o padrasto foi o único homem que teve contato com a criança naquele mês.

(NSC Total)

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