Além das oito pessoas flagradas em um encontro em São Pedro de Alcântara, outros dois réus encontrados no Rio Grande do Sul também foram presos de forma preventiva
Dez acusados de integrar uma célula neonazista foram presos preventivamente mais uma vez. Entre eles, oito que foram flagrados em um encontro em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Civil na noite da última segunda-feira (24), a decisão foi decretada após recursos propostos pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).
De acordo com o desembargador Ernani Guetten de Almeida, os investigados são integrantes de uma “organização criminosa que tem como finalidade a promoção de discursos de ódio, racismo e idolatria ao nazismo”.
O magistrado destacou ainda que os réus são suspeitos de integrar uma organização internacional “posição mais elevada na organização ao cometimento de crimes de ódio com recurso à violência”.
Investigados foram novamente presos preventivamente – Foto: PCSC/Divulgação/ND
Após a decretação das prisões preventivas na última semana, o NIS (Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional) do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), em conjunto com a Polícia Civil, realizou a captura dos réus, que estavam espalhados por Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
“Ainda, durante as investigações e o curso do processo, foi apreendido farto material, não só de apologia às ideias nazistas e supremacistas, mas também de incitação violenta e preconceituosa, além de adagas, canivetes e munições. As mensagens oriundas dos aparelhos celulares seguem o mesmo nefasto rumo”, detalha o desembargador.
Vale lembrar que, em novembro de 2022, a Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância da Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) desencadeou uma operação em um sítio localizado em área rural de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, onde flagrou encontro do grupo que é o Capítulo brasileiro de um grupo skinhead neonazista transnacional. No local, foram presos em flagrante oito integrantes. Além disso, outros dois foram presos em Caxias do Sul (RS).
O advogado Luís Eduardo Quadros, responsável pela defesa dos oito acusados que foram presos em Santa Catarina, afirmou, por meio de nota, que as decisões judiciais devem ser respeitas. Além disso, alega que estuda a viabilidade de recorrer da decisão em Brasília, ou seja, na terceira instância.
“Importante ressaltar que os réu se apresentaram voluntariamente buscando cooperar com a Justiça”, alega o advogado Luís Eduardo Quadros.
Relembre o caso
Oito pessoas foram presas no dia 14 de novembro de 2022, em São Pedro de Alcântara, após serem flagrados em um encontro de cunho neonazista, Além da associação criminosa e racismo, os policiais identificaram no local porte ilegal de arma.
Grupo neonazista preso em SC contava com diversos artefatos com relação ao nazismo – Foto: PMSC/Divulgação/ND
Os investigados realizavam um encontro anual de uma célula neonazista interestadual, segundo a DEIC (Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância da Diretoria Estadual de Investigações Criminais), responsável pela investigação.
No local foram encontrados adesivos nazistas, braceletes com a suástica, livros e revistas sobre o pensamento de Adolf Hitler.
A Polícia Civil soube da realização do evento após receber denúncia relatando o encontro e trocar de informações de inteligência com policiais militares de Santo Amaro da Imperatriz.
No entanto, o grupo foi solto no início de abril mediante o uso de tornozeleira eletrônica concedida pela Justiça.
Na decisão, o magistrado Elleston Lissandro Canali, da Vara Criminal da Região Metropolitana da Comarca da Capital, afirmou que “não se pode supor que os acusados iriam colocar em prática algum plano macabro contra quem quer que seja” e que o discurso de ódio “não ultrapassou o campo das ideias”.
Porém, a situação foi revertida na última semana após a nova prisão dos investigados por participarem da célula neonazista.
Leia na íntegra a nota divulgada pela defesa dos investigados:
As decisões judiciais devem ser respeitadas. Eventual entendimento diverso deve ser objeto de contestação pelos meios e nas instâncias competentes. A defesa técnica estuda viabilidade de rediscussão da matéria em Brasília. Importante ressaltar que os réus se apresentaram voluntariamente buscando cooperar com a Justiça.