Insumo necessário para a produção da gasolina teve aumento na procura e está em período entressafra
Os motoristas foram pegos de surpresa nos últimos dias com o aumento no preço da gasolina, mesmo sem novo reajuste da Petrobrás. Desta vez há um novo vilão responsável pelo encarecimento: o etanol, de acordo com o Sincombustíveis, entidade que representa o comércio varejista de derivados de petróleo no Litoral de Santa Catarina.
A alta ocorreu após três semanas de embaratecimento no valor gasolina, mostra a última consulta da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), realizada entre 10 e 16 de abril. O aumento médio foi de 0,37%,
O etanol anidro, responsável pelo aumento, compõem 27% da gasolina, seja a comum ou a aditivada, explica César Ferreira Júnior, secretário executivo do Sincombustíveis. Desde fevereiro o preço do insumo disparou 77%, representando acréscimo de R$ 0,91, mostram dados da CEPEA/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Dois fatores
Conforme Ferreira Júnior, há dois fatores que contribuem ao aumento: o período entressafra e a própria procura. “Depois da alta na gasolina anunciada no dia 11 de março, motoristas de alguns Estados migraram para o etanol, apesar do custo benefício não ser muito viável”, explica.
É também entre os meses de dezembro e abril que ocorre o intervalo da safra de cana de açúcar, planta utilizada para a produção do etanol, diminuindo a quantidade de produto no mercado. Mesmo com retomada da colheita no início de maio, o secretário executivo acredita que deve demorar para reestabelecer o estoque.
“O aumento do custo do etanol anidro e hidratado não é de responsabilidade da Petrobras, por isso não é anunciado pelo Governo Federal. São as distribuidoras que são responsáveis por adquiri-los junto às usinas. E a demanda pelo etanol anidro cresceu muito neste período da entressafra, sendo que a produtividade da última safra já tinha sido afetada por fatores climáticos”, conclui Ferreira Júnior.